Para quem está traçando as metas para o ano que se inicia, a artista pode ser uma inspiração por sua coragem, autenticidade e amor pela vida; e que, com isso, possamos transformar nossas adversidades em força, nossas dores em aprendizado e nossas cicatrizes em arte
Entramos em 2025, um ano que promete novas oportunidades, desafios e conquistas. Como é um período em que planejamos o futuro, traçamos novos objetivos, revemos prioridades, estabelecemos metas e os passos para novas conquistas, quero abrir este ciclo com a energia certa e inspiradora trazendo uma história que me marcou profundamente e que também pode estimular quem ainda não fez a sua lista de desejos para realizar ao longo do ano, com muito amor e felicidade: é a história de Frida Kahlo.
Ela não é apenas um ícone da arte e da cultura mexicana, mas também um exemplo inigualável de força, resiliência e autenticidade. Sua frase icônica: “Onde não puderes amar, não te demores” – resume a essência de sua vida e é um convite poderoso para todos nós refletirmos sobre nossas escolhas.
Frida Kahlo transformou sua dor em arte, sua vulnerabilidade em força e suas cicatrizes em símbolos de resistência. Sua vida foi repleta de desafios, desde muito cedo.
Aos 6 anos, contraiu poliomielite, uma doença que deixou sequelas em sua perna direita – precisamente dificuldades motoras, motivo de ter sido alvo de preconceito durante toda a infância. Apesar disso, Frida já demonstrava uma personalidade forte e determinada enfrentando as adversidades de cabeça erguida.
O verdadeiro divisor de águas em sua vida, no entanto, veio aos 18 anos. Um grave acidente de trânsito mudou completamente seu destino. O bonde em que estava colidiu com um ônibus e lhe ocasionou fraturas múltiplas, sendo atingida em sua coluna, costelas, pernas e pélvis, além de outros ferimentos graves. Frida passou meses imobilizada em uma cama, e a dor tornou-se sua companheira permanente. Muitos teriam sucumbido diante de um sofrimento tão intenso, mas Frida encontrou na arte um caminho para sobrevivência e expressão.
Durante sua recuperação, Frida começou a pintar de forma mais intensa. Um cavalete adaptado e espelhos instalados acima de sua cama, permitiam que ela criasse autorretratos. Não era apenas uma atividade terapêutica, mas uma maneira de explorar sua própria identidade em transformação e de lidar com as marcas que o acidente havia deixado em seu corpo e em sua alma. Como ela mesma dizia: “Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”.
Esses autorretratos são mais do que obras de arte, são janelas para a alma de Frida. Em suas pinturas, ela não escondia suas dores, ou as suavizavam. Pelo contrário, Frida as transformava em algo belo e significativo, desafiava os padrões de sua época e afirmava assim sua singularidade. Ela nos ensinou que nossas cicatrizes – físicas ou emocionais – não são algo a ser escondido, mas partes integrantes de quem somos.
Além de sua arte, a vida pessoal de Frida também foi marcada por intensidades e contradições. Seu relacionamento com Diego Rivera, outro grande nome da arte mexicana, foi um dos capítulos mais fascinantes de sua história. Juntos, viveram uma relação tumultuada, repleta de amor, traições, separações e reconciliações. Apesar disso, Frida nunca perdeu sua independência emocional. Ela nunca deixou que sua identidade fosse definida por Rivera ou por qualquer outra pessoa. Sua autenticidade era inegociável, e sua arte sempre foi o reflexo de sua verdade interior.
E é aqui que a frase: “Onde não puderes amar, não te demores” – torna-se ainda mais significativa. Frida viveu de acordo com esse princípio, priorizou o que lhe trazia paixão e afastou-se do que não lhe trazia satisfação. Essa frase é um lembrete poderoso para todos nós. Ela nos ensina que o amor deve ser o ponto central de nossas escolhas – não apenas o amor romântico, mas, principalmente, o amor por nós mesmos, por nossas paixões e pelo que realmente nos faz felizes.
Frida Kahlo sabia que, permanecer onde não há amor, era desperdiçar energia vital. Sua vida foi um verdadeiro manifesto sobre a importância de viver com verdade, intensidade e propósito. Ela nos mostrou que é possível encontrar beleza até mesmo nas situações mais difíceis e que a dor pode ser transformada em algo grandioso.
Ao trazer essa reflexão para 2025, convido você a pensar sobre como o amor – em todas as suas formas – pode guiar suas decisões neste ano. Onde há amor, há crescimento, coragem e conexão. Onde não há, é hora de partir e buscar algo que realmente preencha a alma. Essa é uma lição que carrego comigo e que espero transmitir através desta coluna.
Frida Kahlo não deixou um legado apenas artístico, mas também uma mensagem de vida. Ela nos mostrou que não somos definidos por nossas limitações, mas pelo que escolhemos fazer com elas. Ela desafiou preconceitos, abraçou sua identidade única e deixou sua marca no mundo como um símbolo de resistência e liberdade.
Compartilho minha inspiração desejando que 2025 seja para todos os leitores um novo ano também inspirado em Frida Kahlo, por sua coragem, autenticidade e amor pela vida. Que possamos transformar nossas adversidades em força, nossas dores em aprendizado e nossas cicatrizes em arte, cada um à sua maneira. E, acima de tudo, que possamos nos lembrar da lição de Frida: onde não pudermos amar, que tenhamos a coragem de não nos demorar.