20 textos, muitas histórias: Uma jornada de voz e emoção

Quando sentei para escrever meu primeiro texto para esta coluna, confesso que um frio na barriga me acompanhava. Eu sabia da importância de trazer debates sobre inclusão e acessibilidade para mais pessoas, mas não imaginava o quanto essa jornada seria transformadora – para mim e, espero, para quem o leu.

 

Hoje, ao completar 20 textos publicados, olho para trás e vejo o quanto cresci como estudante de jornalismo, comunicadora e, acima de tudo, como pessoa. Cada texto publicado trouxe desafios, reflexões e, principalmente, emoções. Escrevi com indignação sobre capacitismo, com esperança ao falar de iniciativas inspiradoras, com alegria ao contar histórias que merecem ser ouvidas. Tive o prazer de acompanhar presencialmente alguns trabalhos da Mosaiky que me ajudaram a elaborar os textos seguintes.

 

Deixo aqui os meus sinceros agradecimentos a essa equipe maravilhosa que abriu as portas para tudo o que estou vivendo hoje.

 

 

Do primeiro texto ao 20º – Uma caminhada de voz e cor

 

Meu primeiro texto nesta coluna foi sobre o Cine Rodas, um evento que marcou minha trajetória profissional. Escrever sobre acessibilidade no audiovisual e ver como a experiência impactou o público foi um começo significativo.

 

Aquele texto abriu portas para tantas outras histórias que viriam depois, mostrando que a inclusão pode – e deve – estar presente em todos os espaços, inclusive na cultura e no entretenimento.

 

Outro momento marcante foi a experiência com o Graffiti #PraCegoVer. Poder descrever em palavras a arte feita para ser sentida e interpretada por pessoas cegas foi um desafio e um aprendizado ao mesmo tempo. Aquela vivência me fez refletir sobre a importância de tornar o mundo mais acessível em diferentes formas, e isso se reflete em cada texto que escrevo.

 

 

As entrevistas que marcaram minha jornada

 

Se tem algo que me enriqueceu profundamente nessa trajetória foram as entrevistas que realizei. Cada conversa me trouxe novas perspectivas, me conectou com pessoas incríveis e reforçou ainda mais a necessidade de dar visibilidade a pautas que muitas vezes são esquecidas.

 

Falar com Hermes Ferreira Balbino (renomado educador físico, psicólogo especialista em esportes e professor universitário) foi um momento especial. Saber mais sobre sua trajetória no esporte paralímpico, seu trabalho com atletas e sua luta para estruturar um centro de treinamento especializado foi inspirador. Mais do que uma entrevista, foi um aprendizado sobre o impacto do esporte na vida de tantas pessoas com deficiência.

 

Uma das entrevistas mais empolgantes que fiz foi com o Murillo Denardo (designer de jogos de formação), meu colega de trabalho na Mosaiky, sobre games e acessibilidade. Conversamos sobre como os jogos eletrônicos podem ser uma ferramenta de inclusão, desde adaptações nos controles até recursos como legendas e audiodescrição. Murillo, que tem experiência no desenvolvimento de eventos acessíveis, trouxe reflexões valiosas sobre o mercado de games e a importância de pensar na diversidade dos jogadores. Essa entrevista reforçou ainda mais minha paixão por explorar o universo dos games sob a ótica da inclusão e me fez perceber o quanto ainda há espaço para avanços nessa área.

 

Minha conversa com o Devanir (deficiente visual, formado em Letras e especializado na área de Educação), sobre sua atuação como consultor do projeto Graffiti #PraCegoVer foi uma verdadeira aula sobre acessibilidade na arte urbana. Ele explicou como auxiliou os artistas a traduzirem as cores, formas e texturas das obras em uma experiência sensorial acessível para pessoas cegas ou com baixa visão. Seu trabalho foi essencial para garantir que o Graffiti não fosse apenas visual, mas também tátil e descritivo, permitindo que todos pudessem “enxergar” a arte de uma nova maneira. Foi inspirador entender como a acessibilidade pode e deve estar presente em diferentes expressões culturais, tornando a cidade mais inclusiva para todos.

 

A entrevista com a Kelly artista plástica convidada para grafitar na segunda edição do projeto, no Beco do Batman, em São Paulo, foi muito inspiradora. Ela compartilhou sua visão sobre inclusão e acessibilidade no mundo da arte. Sua trajetória mostrou a importância de quebrar barreiras no mundo artístico, levando sua essência em cada trabalho. Foi muito profundo para mim.

E por fim tive uma conversa marcante sobre o OpenMaps com o Paullo Anaya (publicitário e CEO da OpenSenses), uma ferramenta inovadora voltada para a acessibilidade na mobilidade urbana. O projeto busca mapear espaços acessíveis e fornecer informações detalhadas para que pessoas com deficiência visual possam se locomover com mais autonomia e segurança.

 

Durante a entrevista, Paullo explicou como a plataforma utiliza dados colaborativos e inteligência artificial para identificar barreiras arquitetônicas e destacar locais adaptados. Esse tipo de iniciativa mostra como a tecnologia pode ser uma grande aliada na construção de cidades mais inclusivas, garantindo que o direito de ir e vir seja realmente acessível a todos.

Cada entrevista me fez enxergar novos caminhos, novas realidades, meu muito obrigada a todos que conheci e me ensinaram tanto.

 

 

O que vem pela frente?

 

Se 20 textos já trouxeram tantas emoções, imagina o que os próximos nos reservam? Meu desejo é que esta coluna continue crescendo, alcançando mais pessoas e ampliando discussões sobre acessibilidade, representatividade e direitos das pessoas com deficiência. Quero seguir entrevistando gente que faz a diferença, contando

Mari Chagas

Mari Chagas

Jornalista

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Sou colunista da Mosaiky, uma mulher com deficiência que vive há 28 anos com paralisia cerebral. Aprendi a transformar meus desafios em inspiração. Sou influencer digital PCD de Americana, interior de SP.

 

Amo comunicação, estudo jornalismo e tenho uma grande paixão por narrativas autênticas. Produzo conteúdos e publico em jornais, além de ser ativa nas redes sociais e aqui na minha coluna. Adoro arte em todas as suas formas de expressão, dança, leitura e escrita. Aprecio viajar e participar de aventuras radicais. Meu lema de vida é: “viva intensamente!”.

 

Minha determinação é destacar vozes que merecem ser ouvidas, através do meu trabalho que também é meu propósito de vida. Conecte-se comigo no Instagram @mari_chagasoficial ou por e-mail: marichagas@mosaiky.com.br.

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