Superando Expectativas: Minha Jornada com a Paralisia Cerebral

Olá, queridos leitores!

 

Quero começar a contar um pouco sobre a minha deficiência – que está entrelaçada a minha história de vida – para que possam me conhecer melhor aminha trajetória, os desafios de viver com a PC e algumas informações científicas.

 

Vou lhes apresentar a minha companheira PC, este é o nome carinhoso que dou a Paralisia Cerebral.

 

Para contribuir com a sua experiência, convidei o fisioterapeuta e especializando em Osteopatia, Jordany Rodrigo da Silva Garcia, que contribuirá com sua experiência na definição científica da Paralisia Cerebral e nos contará sobre os tratamentos que temos disponíveis.

 

Jordany apresentou a seguinte definição:

 

A paralisia Cerebral (PC) é um distúrbio de caráter não progressivo que possui a sua origem desconhecida e causa desordens na motricidade, no equilíbrio ou na fala, durante o processo do desenvolvimento infantil, assim, causando limitações nas atividades de vida diária dos indivíduos acometidos”.

 

Segundo dados de estudos do Hospital Pequeno Príncipe,  há cerca de 30 mil casos novos de Paralisia Cerebral por ano no Brasil. No mundo, segundo a biblioteca virtual do Ministério da Saúde, são 17 milhões de pessoas com essa condição.

 

Sobre os tratamentos para a condição de Paralisia Cerebral, Jordany afirma que:

 

“a paralisia cerebral tem inúmeras vertentes, pois é influenciada de acordo com o local acometido da condição.”

 

A Fisioterapia aborda a melhora do equilíbrio estático (parado), assim como o equilíbrio dinâmico (deambulação – andando); a coordenação motora grossa e a coordenação motora fina, como segurar uma bola com ambas as mãos ou pegar grãos de feijão com as pontas dos dedos, além da adequação da marcha (andar) e a correção da postura.

 

Entretanto, o fisioterapeuta ressalta a importância de um tratamento multidisciplinar para melhor evolução dos casos afirmando:

 

O tratamento da paralisia cerebral sempre acaba mais fluido quando realizado com uma equipe multidisciplinar. Assim, sendo trabalhados vários estágios e processos que a disfunção pode apresentar, os indicados são: Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutricionista, Psicoterapia, Terapeuta Ocupacional, Neurologista e Pediatra”.

 

Como vimos, viver com PC significa enfrentar desafios diários, para alguns mais intensos do que para outros, dependendo da dimensão e da área de comprometimento para cada um.

 

Ou seja, cada pessoa com PC tem uma experiência única.

 

No meu caso, afetou a minha articulação da fala (apesar de ser verbal), e o meu equilíbrio.

 

 

Desafios do equilíbrio

 

A questão do equilíbrio significou uma luta constante para adquirir a mobilidade que muitos consideram natural.

 

Desde o meu diagnóstico, aos cincomeses de vida, os médicos foram rápidos em afirmar que: “eu nunca seria capaz de andar”. No entanto, minha história não é apenas sobre limites impostos; é sobre superação e determinação.

Logo no início da vida, enfrentei obstáculos que pareciam intransponíveis. As terapias físicas que fazia na Apae de Santa Barbara D’Oeste (cidade onde vivi durante a infância), tornaram-se uma rotina árdua, com sessões que testavam meus limites físicos e emocionais. Ainda assim, havia em mim uma chama que se recusava a ser apagada, um desejo intenso de superar as expectativas e provar que nada é impossível.

 

Lembro-me de falar para a minha família: “Eu vou andar!” Eu ia para o portão da minha casa engatinhando e ficava em pé segurando nas grades. Ali mesmo treinava por horas a minha marcha e sempre recebi o incentivo para ir além.

 

 

Superação

 

Aos oito anos, realizei o que muitos consideraram um milagre: dei meus primeiros passos sem apoios!

 

Lembro-me vividamente do momento, cada esforço, cada tentativa, cada queda (o que ainda ocorre, mas com menos frequência, rsrs).

 

Lembro-me a sensação indescritível de finalmente colocar um pé na frente do outro, de sentir os meus pés sobre o chão e o orgulho no olhar daqueles que acreditaram em mim.

 

Andar foi, sem dúvida, minha maior realização. Um marco que simbolizou além do avanço físico, uma vitória pessoal contra as adversidades.

 

Esse momento foi um divisor de águas na minha vida, através do qual aprendi que independentemente do que os outros possam dizer, temos o poder de definir nossas próprias trajetórias. A paralisia cerebral pode ter me desafiado, mas também me deu a grande oportunidade de mostrar que a força de vontade e a resiliência às vezes podem transformar o impossível em possível.

 

Levo minha história atualmente para inspirar outros que enfrentam suas próprias batalhas. Quero que todos saibam que, com determinação e apoio, podemos alcançar grandes feitos, mesmo quando o mundo duvida de nós.

 

Sou grata aos especialistas que me acompanharam e me acompanham, à minha família e aos amigos que são minha rede de apoio e acreditam em mim e em meus sonhos.

 

A PC é minha companheira constante que, apesar de todas as dificuldades, me ensinou lições valiosas sobre força e superação. Cada passo que dou é um testemunho da capacidade humana de superar as limitações e transformar a adversidade em triunfo.

 

Viver com PC me trouxe a oportunidade de estar aqui falando com vocês hoje e é uma imensa satisfação, ainda mais explicar sobre ela, que é parte de mim.

 

Deixo aqui uma dica de leitura recebida do meu amigo e fisioterapeuta Jordany, que me ajudou enquanto fazia minhas pesquisas para escrever esse artigo e poder trazer aos interessados mais conhecimento sobre a Paralisia Cerebral. O nome do livro é: “Fisioterapia Neuropediátrica” – abordagem biopsicossocial (Eloisa Tudella e Cibelle Formiga).

 

 

Fontes:
Jordany Rodrigo da Silva Garcia, fisioterapeuta e especializando em Osteopatia, CREFITO: 389730-f

 

VAZ, Dráuzio. “Milhões de motivos para um mundo mais inclusivo”: 06/10 – Dia Mundial da Paralisia Cerebral. Disponível em: https://abrir.site/ixUSy. Acesso em: 01 ago. 2024.

 

COELHO, Elisabete. Paralisia cerebral: Brasil registra pelo menos 30 mil novos casos por ano. Disponível em: https://acessar.link/EVlJm. Acesso em: 01 ago. 2024.
Mari Chagas

Mari Chagas

Jornalista

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Sou colunista da Mosaiky, uma mulher com deficiência que vive há 28 anos com paralisia cerebral. Aprendi a transformar meus desafios em inspiração. Sou influencer digital PCD de Americana, interior de SP.

 

Amo comunicação, estudo jornalismo e tenho uma grande paixão por narrativas autênticas. Produzo conteúdos e publico em jornais, além de ser ativa nas redes sociais e aqui na minha coluna. Adoro arte em todas as suas formas de expressão, dança, leitura e escrita. Aprecio viajar e participar de aventuras radicais. Meu lema de vida é: “viva intensamente!”.

 

Minha determinação é destacar vozes que merecem ser ouvidas, através do meu trabalho que também é meu propósito de vida. Conecte-se comigo no Instagram @mari_chagasoficial ou por e-mail: marichagas@mosaiky.com.br.

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