Como seria a vida se cada passeio se transformasse em um desafio?
Pois é, uso cadeira de rodas, mesmo sendo motorizada, ainda é desafiador. Pensava que a tecnologia iria me proporcionar liberdade de mobilidade e mais autonomia, porém, esbarrei com a falta de guias rebaixadas nas calçadas. A luta pela liberdade se tornou uma constante batalha não só para mim.
As guias rebaixadas são rampas que facilitam a travessia, sem elas, sou forçada a descer e subir da calçada pela rua, junto com os carros. Isso é perigoso e estressante para mim, minha família – que precisa me acompanhar antecipando que precisarei de ajuda, e também para o trânsito. E quando existe a guia rebaixada para entrar na calçada, mas não para sair ou está com buraco, o problema persiste. Cada saída de casa vira um percurso de obstáculos, aumentando o risco de acidentes.
A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), determina que as vias públicas devem ser acessíveis a todos, incluindo guias rebaixadas. No entanto, muitas cidades ainda não cumprem essa legislação e prejudica nossa mobilidade, liberdade e segurança.
A falta de acessibilidade também tem um impacto social profundo, pois sem ruas adaptadas, muitos são excluídos de muitas atividades cotidianas, o que limita a possibilidade de independência e participação plena na sociedade. Você já deve ter visto uma mãe com carrinho de bebê ou um idoso com dificuldades de mobilidade. As guias rebaixadas beneficiariam a todos.
Investir em acessibilidade é pensar em uma cidade mais justa e inclusiva.
É urgente que nossos governantes e urbanistas priorizem a acessibilidade universal para que todos possam usufruir do direito de ir e vir com segurança e dignidade.