SALEM – SUELI PARISI

Bruxo condenado por tentar a dominação global e por abandonar Enchantra no altar, Salem é um dos personagens mais amados da televisão e dos quadrinhos. O gato preto foi considerado, desde a Idade Média, companheiro fiel das bruxas e feiticeiras. Chamados de familiares, eram dados de presente pelo próprio diabo e serviam a elas para propósitos maléficos. Seu nome faz referência a pequena cidade responsável pelo Julgamento das Bruxas de Salem, colônia britânica e puritana nos Estados Unidos, onde lideranças religiosas condenaram três mulheres, Tituba, Sarah Good e Sarah Osborne.  

 

As bruxas não eram quaisquer vítimas, mas mulheres. Idosas desalojadas pelo roubo de terras comunais e pelo fim dos direitos consuetudinários, viúvas, mulheres sem filhos, lutavam contra a própria pauperização e exclusão ameaçavam e amaldiçoavam quem se recusava a ajuda-las. Essas mulheres foram demonizadas pela religião na Idade Média assim como Eva, responsável pelo pecado original, Pandora, primeira mulher da mitologia grega e causadora da destruição e fim da paz entre os homens, Medusa, mulher que petrificava os homens com seus cabelos de cobra, Perséfone, filha de Zeus condenada ao Hades. Bruxas, amaldiçoadas e demonizadas eram as mulheres que se conectavam com a natureza e se enxergavam como retrato desta, desafiando o patriarcado, a ideologia da Igreja e a hegemonia religiosa.  

 

Salem é feito com mais de 116km de fitas magnéticas retiradas de cassetes. O material de áudio e vídeo contém grande concentração de metal, principalmente cromo, com alto potencial de impacto ambiental e de contaminação de água e alimentos. Feitiçaria mesmo é feita na reciclagem dessas fitas pelo CEDIR (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática) da USP e por cooperativas.  

 

“Eu exorto você a me aceitar como seu governante” 

116,4km de fitas FHS descartadas 

7kg de feltro velho 

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