Minha comunicação: Um bate-papo sobre empatia e inclusão

Olá, meus queridos leitores!

 

Uma das minhas grandes paixões é a comunicação. Imagino que já perceberam. Por isso escolhi o Jornalismo, uma profissão que me permite explorar, conhecer e comunicar uma diversidade de assuntos, conectando pessoas através da informação.

 

Adoro conversar, compartilhar histórias e debater diversos temas. Procuro sempre novas conexões, apesar das dificuldades. Mesmo com a limitação na articulação da fala, uma consequência da minha paralisia cerebral, faço questão de dizer um “oi” para todos que encontro. Essa saudação simples mostra que estou presente e que me importo com as pessoas ao meu redor.

 

No entanto, a comunicação nem sempre é fácil. Um dos meus maiores desafios é quando minha fala não é compreendida como eu gostaria. Isso já causou, e às vezes ainda causa, muita frustração. Imagine a dificuldade de tentar expressar algo importante, mas sentir que suas palavras não estão chegando como deveriam. Essa situação é muito desanimadora e cansativa.

 

Com o tempo, aprendi a lidar com isso com mais serenidade. Primeiramente, desenvolvi paciência comigo. E isso me ajudou a ter mais paciência com os outros. Respirações profundas e pausas antes de falar ajudam a organizar meus pensamentos e melhorar a clareza da comunicação. Muitas vezes minha ansiedade e empolgação podem dificultar a clareza das minhas palavras, então respirar e me acalmar tornaram-se estratégias valiosas (sem contar os momentos de risada depois, quando me dou conta dessa minha pressa em querer dizer tudo de uma vez!).

 

 

Estratégias para comunicação

 

O apoio da fonoaudiologia foi fundamental nesse processo. Essa terapia teve um papel crucial no aprimoramento da minha comunicação e tem me ajudado a desenvolver técnicas para articular melhor as palavras, usar estratégias de compensação e enfrentar as dificuldades de forma mais eficaz.

 

A orientação profissional me forneceu as ferramentas necessárias para superar algumas barreiras e aumentar minha confiança ao me comunicar. Mas ainda é um exercício constante esse encorajamento para me expressar. Principalmente quando sei que estarei em lugares novos que podem ser desafiadores em vários sentidos, inclusive na questão de acessibilidade, já que não sei o que o ambiente irá exigir e o suporte que terei. E sei que também vou interagir com pessoas novas, que na maioria das vezes não estão acostumadas a lidar com pessoas com deficiência e podem não me entender.

 

Para enfrentar essas situações, eu tento me preparar com antecedência. Assim, posso me sentir mais confortável. Porém, é sempre imprevisível.

 

Quando sei que vou precisar me comunicar com mais agilidade, tento pensar em estratégias para facilitar a comunicação.

 

Na escola, quando encontrava dificuldades de comunicação, recorria a alternativas como escrever ou digitar no notebook para me expressar de forma mais clara. O que foi essencial para superar barreiras e manter a comunicação com professores e colegas. Atualmente, utilizo um aplicativo chamado “Leitor de Texto”, que lê em voz alta o que eu digito.

 

 

Mundo fast

 

Além de gostar de falar, sou bastante detalhista ao contar histórias, o que às vezes pode ser um desafio também para quem me ouve. Meus amigos e familiares me chamam de “tagarela” devido ao meu estilo de comunicação. Aprecio quando eles estão dispostos a ouvir, mesmo em dias em que a paciência pode estar mais curta.

 

O que me preocupa é a crescente intolerância e falta de paciência que vejo no mundo atual. As pessoas parecem estar cada vez mais apressadas e menos dispostas a ouvir, característica do capitalismo e do mundo “fast”.

 

 

Escuta ativa

 

Percebo que a falta de paciência afeta a comunicação e, consequentemente, a qualidade dos relacionamentos, impedindo oportunidades de aprendizados e conexões genuínas.

 

Por isso, quero deixar aqui minha experiência para melhorar a comunicação de todos: sejamos mais tolerantes, mais pacientes e, acima de tudo, mais abertos a ouvir o outro, sem dúvida dessa forma teremos uma comunicação mais fluida e pacífica.

 

Cada pessoa tem uma história, pensa e sente de forma diferente, portanto, possui uma experiência única que merece ser compartilhada e ouvida.

 

Às vezes, um simples “bom dia” pode ser o ponto de partida para iniciar uma conversa que fará a diferença na vida de alguém e até mesmo na sua vida.

 

Não subestime o poder da comunicação e da empatia. Elas são ferramentas poderosas que podem transformar o nosso dia a dia e as relações que cultivamos.

 

Vamos juntos criar um ambiente onde a comunicação seja valorizada e onde todos se sintam ouvidos e compreendidos, independentemente da forma. Ainda que tenhamos que ser criativos e desenvolver estratégias novas para nos conectarmos.

 

Contem comigo nessa jornada e saibam que estou contando com vocês! Não quero ser apenas a minha voz por aqui, quero ser sua também.

 

Vou amar que tragam sugestões de pauta e compartilhem comigo suas experiências. Espero que estejam bem e até a próxima. Sempre com novidades e atualidades para vocês!

 

Um abraço inclusivo!

Mari Chagas

Mari Chagas

Mari Chagas

Jornalista

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Sou colunista da Mosaiky, uma mulher com deficiência que vive há 28 anos com paralisia cerebral. Aprendi a transformar meus desafios em inspiração. Sou influencer digital PCD de Americana, interior de SP.

 

Amo comunicação, estudo jornalismo e tenho uma grande paixão por narrativas autênticas. Produzo conteúdos e publico em jornais, além de ser ativa nas redes sociais e aqui na minha coluna. Adoro arte em todas as suas formas de expressão, dança, leitura e escrita. Aprecio viajar e participar de aventuras radicais. Meu lema de vida é: “viva intensamente!”.

 

Minha determinação é destacar vozes que merecem ser ouvidas, através do meu trabalho que também é meu propósito de vida. Conecte-se comigo no Instagram @mari_chagasoficial ou por e-mail: marichagas@mosaiky.com.br.

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