Entrevista com Fernando Berg: Grafiteiro convidado da Mosaiky para terceira edição do projeto “Grafitti #PraCegoVer”

O projeto “Grafitti #PraCegoVer” busca tornar a arte urbana acessível a pessoas com deficiência visual, combinando grafite e elementos táteis para criar uma experiência sensorial inclusiva. Nesta edição, o artista convidado Fernando Berg apresenta uma obra inovadora que retrata o tatu-canastra, espécie essencial para o equilíbrio ambiental, explorando diferentes sensações para ampliar a percepção da arte. A obra pode ser visitada no Beco do Batman até o dia 29 de abril, oferecendo ao público a oportunidade de interagir com essa iniciativa transformadora. Confira a entrevista:

 

Mari Chagas: Apresente-se para o pessoal!

Fernando Berg: Meu nome é Fernando Berg, assino minhas pinturas como Berg. Sou da zona sul de São Paulo, tenho 36 anos e pinto nas ruas desde 2011, sempre retratando animais.

 

MC: Como surgiu a oportunidade de participar do projeto “Grafitti #PraCegoVer” como convidado da Mosaiky?

FB: A parceria veio de trabalhos anteriores com a Mosaiky. Durante essas colaborações, compartilhei minhas pesquisas e ideias, o que gerou uma abertura e confiança para esse convite.

 

MC: O que te motivou a aceitar esse convite e integrar um projeto que une arte, acessibilidade e conscientização ambiental?

FB: Justamente essa conexão entre acessibilidade e educação ambiental. É gratificante saber que meu trabalho pode ser experimentado por mais pessoas, de maneira acessível e didática.

 

MC: Como foi o processo de concepção da arte do tatu-canastra? Você teve alguma referência ou inspiração específica?

FB: Foi incrível poder representar o maior tatu do mundo e destacar sua importância no ecossistema. Ele é conhecido como o “engenheiro do ecossistema” porque, ao abandonar suas tocas, outros animais passam a utilizá-las como abrigo. Isso me fez pensar na arte como algo que também acolhe e agrega inclusão. Para criar essa obra, quis destacar as texturas do corpo do tatu-canastra, desde as escamas até as unhas, garantindo que fosse compreendido pelo toque.

 

MC: Qual foi o maior desafio na criação de um grafite acessível para pessoas cegas?

FB: O principal desafio foi pensar em como representar essa arte de forma tátil e interativa. Precisava garantir que diferentes partes do desenho fossem identificáveis pelo toque, sem perder a identidade visual da obra.

 

MC: Você já tinha trabalhado com texturas e elementos táteis antes ou foi um aprendizado novo para esse projeto?

FB: Nunca havia trabalhado com elementos táteis antes. Foi um aprendizado imaginar a obra de outra maneira, pensando em materiais que permitissem a experiência sensorial sem comprometer o conceito artístico.

 

MC: Como enxerga o impacto dessa iniciativa tanto para a comunidade artística quanto para as pessoas com deficiência visual?

FB: Para a comunidade artística, esse projeto amplia a visão sobre o grafite e sua acessibilidade. Para pessoas com deficiência visual, proporciona uma nova forma de interação com a arte urbana, quebrando barreiras e tornando os espaços públicos mais inclusivos.

 

MC: A arte urbana sempre teve um papel social forte. Como acredita que esse projeto contribui para ampliar esse impacto?

FB: Esse tipo de iniciativa muda a mentalidade de muitas pessoas, mostrando que o grafite vai além da estética e do ego artístico. Ele pode transformar espaços e torná-los acessíveis, fazendo com que todas as pessoas se sintam pertencentes àquele ambiente.

 

MC: Como foi trabalhar com a Mosaiky nesse projeto? Houve trocas e aprendizados que te marcaram?

FB: Trabalhar com a Mosaiky é sempre uma experiência enriquecedora. Eles proporcionam desafios que nos fazem explorar novas técnicas e materiais, expandindo a forma como a arte pode ser utilizada para promover inclusão.

 

MC: Você pretende continuar explorando o grafite acessível em seus trabalhos futuros?

FB: Com certeza! Meu foco sempre foi retratar animais pouco conhecidos, muitas vezes vistos como “estranhos ou feios” pela sociedade. Através do grafite acessível, consigo ampliar essa mensagem, trazendo conscientização ambiental de uma maneira que alcance a todos.
Mari Chagas

Mari Chagas

Jornalista

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Sou colunista da Mosaiky, uma mulher com deficiência que vive há 28 anos com paralisia cerebral. Aprendi a transformar meus desafios em inspiração. Sou influencer digital PCD de Americana, interior de SP.

 

Amo comunicação, estudo jornalismo e tenho uma grande paixão por narrativas autênticas. Produzo conteúdos e publico em jornais, além de ser ativa nas redes sociais e aqui na minha coluna. Adoro arte em todas as suas formas de expressão, dança, leitura e escrita. Aprecio viajar e participar de aventuras radicais. Meu lema de vida é: “viva intensamente!”.

 

Minha determinação é destacar vozes que merecem ser ouvidas, através do meu trabalho que também é meu propósito de vida. Conecte-se comigo no Instagram @mari_chagasoficial ou por e-mail: marichagas@mosaiky.com.br.

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