Já parou para pensar como vivemos em um mundo cada vez mais digital e fazemos quase tudo pelo celular ou notebook? Interagimos nas redes sociais, resolvemos questões cotidianas, fazemos compras, pedimos comida por aplicativos e usamos serviços de bancos virtuais.
Mas, será que esses serviços digitais possuem sistemas acessíveis para todos? Esses dias tive uma experiência desafiadora ao tentar abrir uma conta virtual!
Passo a passo para abrir uma conta virtual, como preencher um questionário, enviar fotos dos documentos e realizar um reconhecimento facial para validação de identidade. Até aqui, parece simples, certo? No entanto, posso garantir que para uma pessoa com deficiência física realizar o reconhecimento facial pode ser um grande desafio.
Ao abrir uma conta virtual para meu primeiro trabalho como MEl, deparei-me com a necessidade de fazer o reconhecimento facial e, devido à minha paralisia cerebral afetar a parte motora, não consigo ficar quieta o suficiente por causa dos movimentos involuntários. Então começou meu dilema. Precisei procurar um banco virtual que não utilizasse essa ferramenta de validação e, felizmente, encontrei um que exigia apenas uma foto minha segurando o RG para análise. Finalmente consegui.
Aqui vale lembrar os 20 anos de um decreto na lei brasileira que nos garante o direito à “utilização, com segurança e autonomia dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação” – Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Portanto, é muito sério quando uma empresa em geral não considera nossas necessidades.
As agências bancárias e empresas deveriam contratar especialistas em inclusão para realizar pesquisas e determinar a melhor forma de incluir o maior número possível de pessoas.
Nossa sociedade já avançou bastante, mas falta muito para nós, pessoas com deficiência, termos nossas necessidades atendidas. Será que ainda podemos esperar uma sociedade totalmente acessível para todos?
Mari Chagas
Estudante de jornalismo, uma mulher com deficiência, apaixonada pela vida